O Diagnóstico da alergia a proteína do leite de vaca (APLV) costuma ser um desafio e causa bastante confusão na cabeça dos papais e mamães que estão lidando com a possibilidade desse diagnóstico, meu objetivo hoje é tentar esclarecer melhor esse tópico para vocês.
Parar realização do diagnóstico da APLV os seguintes passos são seguidos:
- Avaliação da história clínica (história alimentar x sintomas, crescimento) e exame físico.
- Exames bioquímicos e IgE para as proteínas do leite de vaca podem ajudar em alguns casos selecionados.
- Retirada de alimentos que contém proteína do leite de vaca por um período determinado e avaliação se resposta dos sintomas.
- Teste de provocação oral (TPO), reintrodução de alimentos que contém proteínas do leite de vaca e avaliação se retorno dos sintomas.
O médico sempre vai pedir exames?
Não! A investigação laboratorial poderá ser feita a critério médico após avaliação individual do caso a depender do mecanismo provável da alergia alimentar (IgE x não IgE x mista), nem sempre sendo necessária.
Quais os exames o médico pode solicitar?
Hemograma e estoques de ferro: podem oferecer informações complementares ao diagnóstico e complicações relacionadas à APLV, tais como: anemia e a presença de eosinofilia pode ser encontrada em casos de esofagite eosinofílica, gastroenterite eosinofílica e proctocolite alérgica.
Determinação da IgE específica: auxilia apenas na identificação das alergias alimentares mediadas por IgE e nas reações mistas. A pesquisa de IgE específica ao alimento suspeito pode ser realizada tanto in vivo, por meio dos testes cutâneos de hipersensibilidade imediata (testes cutâneos como o prick test e prick to prick), como in vitro, pela dosagem da IgE específica no sangue. Esses exames auxiliam raramente são positivos na ausência de alergias mediadas por IgE (valor preditivo negativo de até 95%). Não há restrição de idade para a realização do teste, entretanto, deve-se ter em mente que crianças menores de 6 meses de idade podem não ter sido expostas a vários alimentos, impossibilitando a formação de anticorpos.
Determinação da IgG específica: Não há qualquer evidência científica que respalde a utilização de exames laboratoriais com base na mensuração de IgG para alimentos para fins de diagnóstico.
Teste de provocação oral (TPO), procedimento introduzido na prática clínica em meados dos anos
1970, a despeito de todo avanço científico, continua sendo ainda o método mais confiável no diagnóstico da alergia alimentar.
Exames de fezes: o sangue oculto não tem valor no diagnóstico de alergia alimentar, podendo ser positivo mesmo em lactentes saudáveis com contato a proteína do leite de vaca. Alfa-1-antitripsina fecal muito empregada no passado, tem valor apenas nas alergias gastrintestinais associadas à perda de proteína. A calprotectina fecal é um marcador de atividade inflamatória inespecífico e seus valores normais não são bem delimitadas na faixa etária dos lactentes.
Perceba que o diagnóstico da APLV pode ser apenas clínico, sem necessidade de exames laboratoriais, principalmente se a suspeita de alergia é do tipo tardia/ige não mediada. Então o melhor exame é o teste de provocação oral (TPO).
⚠️Caso seu filho apresente suspeita de APLV não faça restrições por conta própria, agende sua avaliação médica o quanto antes para não atrapalhar a qualidade de vida dele.
Abraço,
Jéssica Figueiredo Dantas
Pediatria, Gastropediatria e Hepatologia.
CRM185972
Saiba mais em:
https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/alergia-ao-leite-de-vaca/