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O ciclo vicioso do intestino preso na criança

As coisas não são tão coloridas para quem tem o “intestino preso”, não é mesmo?!

O indivíduo fica, literalmente, enfezado.

Na criança, especialmente, o problema não costuma ser identificado de forma precoce, sendo subestimado pelos familiares e até mesmo pediatras até se tornar um baita problemão com diversas complicações que costumam ir muito além do intestino, necessitando de uma equipe multiprofissional para intervir – principalmente, um gastropediatra.

Em geral, tudo começa em um dia aleatório, onde a criança teve uma evacuação mais dolorosa, seja por que mudou a rotina alimentar, bebeu menos água, viajou e não conseguiu evacuar fora de casa, etc. Daí para frente ela relaciona o ato de evacuar com algo ruim, doloroso e passa a reter/segurar as fezes na hora que deveria seguir o reflexo e evacuar, mesmo que nesse momento as fezes ainda não estejam duras, mas ela já fez a associação que vai ser uma experiência ruim. Faz sentido né? A criança não quer sentir dor, então ela vai segurar o máximo que der para não passar por esse sofrimento.

Após isso costumam passar meses ou até anos para que a família ou o pediatra reconheça que existe um problema ali pois a criança vai evoluindo aos poucos para uma retenção que pode durar de dias até semanas sem evacuar. Tudo isso, porque nesse mecanismo das fezes ficarem muito tempo no reto, a água vai sendo absorvida tornando elas ainda mais duras e difíceis de serem eliminadas facilmente e o reto e o cólon (intestino baixo) vão se dilatando para guardar aquele volume de cocô que quando sai até entope o vaso de tão grande. Essa dilatação do intestino vai desgastando as fibras do músculo da parede intestinal (como uma peça de roupa tamanho P que foi vestida por uma pessoa tamanho G), então isso vai fazendo o nosso intestino trabalhar de forma mais preguiçosa, ele passa a demorar muito para perceber que já existe um considerável volume de fezes que deve ser eliminado.

Isso inclusive, costuma evoluir para aqueles “escapes de fezes” na roupa da criança que já tinha feito desfralde bem sucedido e agora esta sujando a roupa íntima com frequência sem conseguir segurar o cocô. Daí em diante a criança começa a perpetuar em paralelo um distúrbio psicológico que as vezes é alimentado pelo não entendimento das pessoas que convivem com ela sobre o quadro, assim como outras crianças; São frequentes os relatos de bullying nesse contexto por exemplo. Mas isso é tema para outro artigo.

Como ajudar o intestino a funcionar melhor então?

Uma das dicas é estimular o nosso “relógio natural” a funcionar, reservando alguns minutos (aproximadamente 10min), logo após a alimentação (reflexo gastrocólico) para ficar sentado no trono, especialmente pela manhã, sem pressão, deixando a coisa fluir naturalmente e em posição adequada, que favoreça a musculatura do abdome e pelve a trabalharem ao nosso favor..

Espero que esse artigo tenha ajudado você a entender mais sobre o tema. Caso você reconheça o seu filho com sinais que esta dentro desse ciclo vicioso marque sua avaliação para um melhor acompanhamento do caso e correção do problema.

Se você quer saber mais sobre alimentação, livros e outras dicas para intestino preso acesse esse nosso artigo .

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Abraço,

Jéssica Figueiredo Dantas

Pediatria, Gastroenterologia e Hepatologia Infantil.

CRM 185972

Saiba mais:

https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/constipacao-intestinal/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20a%20constipa%C3%A7%C3%A3o,evacuat%C3%B3rio%20e%20retirada%20das%20fraldas.

https://gikids.org/constipation/

http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/1292-constipacao-intestinal/

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Dra. Jéssica Dantas
Pediatria, Gastroenterologia e Hepatologia Infantil. CRM 185972

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