A diarreia em bebês é relativamente comum, geralmente leve e frequentemente autolimitada. A maioria dos casos nessa faixa etária são adquiridos, causados por infecção (adenovírus, rotavírus, norovírus e citomegalovírus) ou intolerância a proteínas alimentares (APLV, alergia a soja)
Quando o quadro de diarreia começa alguns dias após o nascimento e é persistente (durando mais de duas semanas) ou tem apresentação grave, várias causas incomuns devem ser consideradas. Estes incluem anomalias anatômicas congênitas do intestino e um grupo de doenças genéticas raras conhecidas coletivamente como “diarreias e enteropatias congênitas”
Como sei se o bebê esta com diarreia?
É difícil saber quando um bebê esta com diarreia já que normalmente as fezes já são líquidas, certo? Os macetes aqui para a avaliação incluem:
- Observe o padrão habitual de evacuação da criança, ou seja, se ele tem o hábito de evacuar 4-5x ao dia, sem irritação e de repetente passa a evacuar 10-12x ao dia, irritado, com dor, fezes com algo de estranho, aqui temos um desvio do hábito de evacuação dele.
- As fezes do bebê em geral são líquidas, mas fica um resíduo na fralda que diferencia da urina. Quando as fezes estão totalmente líquidas elas vão absorver totalmente na fralda.
- Observa o nível de hidratação da criança: urina concentrada? olhos e boca seca? coração acelerado? Diante de um quadro mudança da frequência de evacuação pode significar diarreia com desidratação.
- Monitore o peso e crescimento do seu filho com o pediatra, em caso de diarreia com duração superior a 2 semanas acompanhado de perda de peso, estamos diante de uma diarreia persistente com má absorção de nutrientes.
- Em ambientes hospitalares, pode ser possível quantificar a produção de fezes, caso em que a diarreia pode ser definida como volume de fezes de mais de 20 g / kg / dia em um bebê pequeno. Em crianças com ostomias, a produção superior a 30 g / kg / dia é considerada excessiva.
Embora a maioria das diarreias infecciosas resolva em duas semanas e, portanto, sejam consideradas diarreias agudas, elas ocasionalmente persistem, especialmente em indivíduos imunocomprometidos. Em alguns casos, a diarreia persistente após uma infecção aguda é causada por lesão persistente da mucosa com má absorção, denominada “enteropatia pós-infecciosa”.
A causa da diarreia só irá ser definida após uma história completa e um exame físico do seu médico, portanto, esse artigo tem o objetivo de orientação, não substituindo uma avaliação médica, se você notou que o seu filho apresenta sintomas compatíveis com diarreia e tem dúvidas quanto ao diagnóstico e tratamento. Agende sua avaliação médica.
Abraço,
Jéssica Figueiredo Dantas
Pediatria, Gastroenterologia e Hepatologia Infantil.
CRM 185972
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