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Puerpério: Lições Práticas de Sobrevivência.

Olá, famílias! Escrevo esse artigo no fim do meu puerpério, como forma de terapia e aproveitando para compartilhar com vocês o que deu certo por aqui para deixar essa fase, dentro do possível, mais leve.

Vou começar pelo meu contexto, afinal, cada uma de vocês terá o seu e isso irá fazer toda a diferença na evolução do puerpério. Por aqui tivemos um parto natural e o bebê nasceu com 38 semanas. Tivemos algumas dificuldades iniciais (comuns) na amamentação, oscilações de humor, privação de sono, medos do novo futuro, e momentos de desespero e frustração após “tentar de tudo” e a criança não acalmar. Aposto que você, mãe puérpera, vai se identificar com muito do que estou relatando aqui.

Mas no fim, quando estou bem e paro para fazer uma reflexão realista, posso dizer que meu puerpério foi tranquilo, dentro do possível, em um contexto de bebê-mãe-pai recém-nascidos. E devo essa tranquilidade a alguns fatos importantes que vou dividir em forma de uma lista de conselhos voltados principalmente para a mãe recém-nascida:

  1. Construa a sua rede de apoio antes do bebê nascer: defina quem vai cuidar da limpeza da casa, das contas, da comida, do trabalho fora de casa, a equipe de assistência médica (obstetra, pediatra, doula, consultora de amamentação, psicólogo) e quem vai ajudar com o bebê.
  2. Se possível, nunca fique sozinha: devido à oscilação hormonal, cansaço e privação de sono, ficamos muito sensíveis a alterações de humor nesse período e isso pode nos ajudar a alimentar alguns pensamentos negativos. A companhia de outro ser-humano além do seu bebê vai te ajudar a desfocar dessa imersão.
  3. Divida em turnos o cuidado do bebê: o pai, avós, tios, amigos, babá, ter outras pessoas para ficar uma horinha que seja com o bebê vai te ajudar a recuperar o gás que você pode ter perdido após algumas horas seguidas cansativas cuidando dele. Essas pessoas podem dar o banho, alimentá-lo (leite ordenhado), colocá-lo para dormir, enquanto você respira um pouquinho e renova sua paciência para recomeçar com amor. Sim, muitas vezes o cansaço nos faz perder a paciência e até nos sentirmos culpadas por isso rsrs.
  4. Saia de casa: se não houver contraindicação médica, faça um passeio de 15-20 minutinhos por dia, no quarteirão do bairro, na padaria da esquina ou até na área de lazer do seu prédio. Mas tenha o ritual de tirar o pijama, lavar a cara cheia de orelhas e respirar um ar diariamente. Não se preocupe que isso não estará expondo seu recém-nascido. É só você optar por passeios rápidos em locais abertos.
  5. Aceite ajuda: muitas vezes as pessoas querem nos ajudar e não aceitamos, pois não queremos incomodar ou mesmo aceitar que a pessoa não irá fazer do “nosso jeito”. Por aqui tivemos uma vovó com palpites como quase em todas as famílias, mas mesmo sendo pediatra, aprendi a relevar o que valia ou não o conflito, e aceitei alguns conselhos da experiência dela e que ela cuidasse do jeito dela se isso não ferisse minhas escolhas de maternidade. Aceitar ajuda é abdicar do controle para dividir a carga. É o famoso: escolha suas batalhas rsrs.
  6. Faça algo por você: A cena corriqueira por aqui é uma mãe com olheiras, coque malfeito para disfarçar um cabelo sujo, vestida de pijama com a criança em uma mama e o coletor de leite na outra. Para fugir desse cenário, escolhi me dar de presente uma massagem relaxante uma vez por semana e tirar uns minutos para escrever e/ou ler diariamente durante todo o puerpério. No seu caso, pode ser outra coisa que te faça sentir-se bem, mas se comprometa a fazer algo (por menor que seja) por você.
  7. Mantenha contato social: seja presencial ou online, escolha um grupo de amigos/familiares próximos para manter contato, para falar sobre o seu momento ou só para saber notícias do “lado de lá”. Por aqui, decidimos receber família e amigos íntimos em casa mesmo para um café aos finais de semana. Isso nos energizava muito e todos eles respeitavam os cuidados com o bebê.
  8. Tenha um “grupo de mães” para chamar de seu: seja a sua família (mãe, avó) ou amigas mães. Não tenha medo de dividir seus desafios e inseguranças. Isso vai te ajudar a perceber que você não está sozinha nessa dor e essas trocas rendem ótimas sugestões de quem já passou pela mesma experiência.

Ufa, é isso, é uma lista e tanto hein? Do fundo do meu coração, espero que isso te ajude a enxergar como deixar o seu puerpério mais leve por aí.

Eu e Joaquim na nossa primeira amamentação em casa.
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Dra. Jéssica Dantas
Pediatria, Gastroenterologia e Hepatologia Infantil. CRM 185972

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